07 junho 2011
Gonçalves Dias
Nasceu em 1823, filho de um português e de uma cafusa, fez seus primeiros estudos no Maranhão, seu Estado natal, e completou-os em Coimbra, onde cursou Direito. De volta ao Brasil, em 1845, já trouxe em sua bagagem boa parte de seus escritos. Fixou-se n Rio de Janeiro e ali publicou sua primeira obra, Primeiros cantos (1846), seguida por outras publicações, como Segundos cantos e Sextilhas de Frei Antão (1848), Últimos cantos (1851) e Os Timbiras (1857). Fez várias viagens pelo país, incluindo a Amazônia, e chegou a escrever um Dicionário da língua tupi.
Gonçalves Dias quem implantou e solidificou a poesia romântica em nossa literatura. Sua obra pode ser considerada a realização de um verdadeiro projeto de construção da cultura brasileira.
Buscou captar a sensibilidade e os sentimentos do nosso povo, criou uma poesia voltada para o índio e para a natureza brasileira, expressa numa linguagem simples e acessível. Seus versos, tais como os de sua “Canção de exílio”, são melódicos e exploram métricas e ritmos variados. Cultivou também poemas religiosos, de fundo panteísta, que falam da manifestação de Deus na natureza.
Sua obra poética inclui os gêneros lírico e épico. Na épica, canta os feitos heróicos de índios valorosos, substitutos da figura do herói medieval europeu. Na lírica, tem como temas mais comuns a pátria, a natureza, Deus, o índio e o amor não correspondido.
“I- Juca Pirama”, considerado o mais perfeito poema épico-indianista de nossa literatura, narra a história vivida por um índio tupi que cai prisioneiro de uma nação inimiga: os timbras. O drama do prisioneiro reside nos sentimentos contraditórios provocados por sua prisão: de um lado, deseja morrer lutando, como guerreiro corajoso que sempre fora; de outro, deseja viver para cuidar do pai, doente e cego.
Representa em nossa cultura o passo decisivo para a transformação das manifestações nativistas da literatura colonial em manifestações conscientemente nacionalistas. O canto do índio tupi- misto de amor honra e luta- assemelha-se ao do próprio poeta, também descendente de índios; um canto de amor à pátria e à raça ancestral; um canto de luta pela construção de uma poesia genuinamente brasileira.
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